Norman Arruda Filho
Diante da polêmica das mudanças climáticas, o que nós podemos fazer?
Por Norman de Paula Arruda Filho
Dentro dos Objetivos Globais que dizem respeito ao cuidado com o Planeta, o ODS 13 aborda o que seja talvez uma das questões mais discutidas atualmente, o combate às mudanças climáticas. Há mais de vinte anos, nos encontros anuais chamados de Conferência das Partes (COP – Conference of the Parties), a ONU atua para mobilizar os líderes das nações a buscarem meios de regulamentar processos produtivos de forma a adotar políticas em prol do clima.
No entanto, somente em 2015 foi definido o primeiro acordo de extensão global para frear as emissões de gases do efeito estufa e para lidar com os impactos da mudança climática. Estabelecido na COP-21, as definições do que ficou conhecido como o Acordo de Paris, determinam que os 195 países membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas atuem para a redução da temperatura média do planeta e para limitar o aumento de temperatura a até 1,5°C.
O tema chega a ser tão polêmico que é possível encontrar opiniões distintas a seu respeito. Enquanto há um grande grupo de líderes e governantes preocupados em rever processos produtivos para reduzir o impacto do homem no meio ambiente, há aqueles que acreditam que o aquecimento global trata-se apenas de um processo natural da evolução do planeta, ou simplesmente, um mito.
Opiniões à parte, o fato é que a cada dia, nos deparamos com catástrofes incontáveis em diferentes partes do planeta como os registros das grandes secas que afetam a agricultura frente às enchentes das grandes cidades, o avanço do mar que prejudica famílias das regiões litorâneas, fenômenos naturais como tornados e ondas extremas de frio e calor em diferentes regiões do País.
Diante de todos esses impactos fica clara a interconexão e interdependência do ODS 13 com os demais Objetivos Globais, uma vez que as condições climáticas têm impacto direto na saúde das pessoas, no crescimento econômicos das nações, na infraestrutura das cidades, na vida na terra e na vida marinha, e em diversas outras áreas que podem ser impactadas indiretamente com o desequilíbrio do clima.
Diante disso tudo, é possível descrever que estamos vivendo de forma sustentável? Podemos afirmar que existe qualidade de vida, saúde ou condições de vida digna?
Assim como já afirmado pelo PNUD - representante da ONU no Brasil – o fato é que o desenvolvimento sustentável não poderá ser alcançado sem ações em favor do clima. E mais que isso, é preciso combater o retrocesso.
Infelizmente, o Relatório Luz da Sociedade Civil elaborado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados revela dados que não são favoráveis ao País. Segundo a integrante do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GTSC A2030) do Desenvolvimento Sustentável, Alessandra Nilo, ao analisarmos o Brasil sob a perspectiva da Agenda 2030, fica evidente a distância que dela nos separa, com o fortalecimento de forças retrógradas que atuam na contramão do desenvolvimento sustentável.
Por isso, cada vez mais acredito que é preciso avançar da fase de análise para a AÇÃO. Ressaltando que nossas ações de hoje definirão o amanhã. O engajamento da sociedade é fundamental se quisermos mostrar o tamanho do problema que as mudanças climáticas representam e tudo que está ligado a isso. Portanto, a grande questão é “O que nós podemos fazer hoje?” Além de discutir o tema sob novas perspectivas, é tempo de agir.
Norman de Paula Arruda Filho
Doutor em Gestão Empresarial Aplicada pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, ISCTE, Portugal (2012). Presidente do Instituto Superior de Administração e Economia - ISAE, conveniado à Fundação Getulio Vargas, coordenador do Conselho de Ação para Sustentabilidade Empresarial da Associação Comercial do Paraná, membro do Pacto Global (CBPG) e Conselheiro da GRI no Brasil. Um entusiasta da educação executiva responsável no Brasil, integrou o grupo que criou os Princípios para Educação Executiva Responsável (PRME) da ONU – diretrizes que desde 2007 norteiam a gestão de mais de 500 Escolas de Negócio do mundo todo, incluindo o ISAE. É ainda Presidente do Capítulo Brasileiro do PRME, integra o PRME Champions Group - grupo de 30 escolas de negócio do mundo inteiro mais atuantes do PRME, Conselheiro do PRME.