Norman Arruda Filho
O novo patamar da ética nas organizações
Por Norman de Paula Arruda Filho
Falar sobre ética nas organizações nunca foi tão prático. O recente comportamento da sociedade com relação a atitudes que afetam a moral e a ética nas relações contribuiu para que o conceito saísse do subjetivismo e adotasse uma perspectiva mais palpável.
Há alguns anos publiquei um artigo falando sobre como o descuido das ações sociais, a falta de responsabilidade do mercado financeiro, e, principalmente, a falta de princípios entre líderes assolaram a crise americana do ano de 2008. A publicação mencionava que após esse marco, executivos de todo o mundo passaram a se preocupar mais com a gestão de riscos e com a transparência em suas ações.
Ao mesmo tempo em que grandes escolas de negócios americanas como a Harvard se viram forçadas a adaptarem seus currículos de forma a orientar alunos executivos também sobre a criação de princípios, valores e ética nas relações.
Com isso, não é de se admirar o fato de que alunos egressos de Harvard componham a equipe responsável pela maior ação anticorrupção já vivenciada por brasileiros. Em mais de três anos de investigação, a Operação Lava Jato coleciona números grandiosos: são 42 fases operacionais; mais de mil mandados de busca e apreensão, condução coercitiva, de prisão temporária e preventiva; mais de cem pessoas presas e condenadas; e a recuperação de, aproximadamente, 1 bilhão de euros (cerca de R$ 4,2 bilhões). Entre os envolvidos estão membros administrativos da estatal Petrobras, políticos dos maiores partidos do Brasil e empresários de grandes empresas brasileiras.
Segundo estudo da consultoria GO Associados, os impactos diretos e indiretos da Operação Lava Jato na economia brasileira levaram a uma retração de 2,5% do PIB - Produto Interno Bruto de 2015, o equivalente a R$ 142,6 bilhões.
Dentre os motivos que levaram a esse resultado estão a redução dos investimentos da Petrobras, a quebra de importantes construtoras e o bloqueio das maiores empreiteiras do país. Além da estagnação de obras do plano do governo federal conhecido como PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do consequente aumento do desemprego, que atingiu índices inéditos em nossa história. Todos esses elementos compõem o retrato de uma crise política e econômica desencadeada por uma crise de valores.
O efeito da Operação Lavo Jato foi como o abrir da “Caixa de Pandora”, exibindo todos escândalos e esquemas corruptos e antiéticos sobre a forma de se fazer negócios em alguns segmentos do Brasil.
O lado positivo pode ser visto no despertar da sociedade para a questão. Para o professor de relações internacionais de Cambridge, no Reino Unido, Jason C. Sharman, essa campanha global contra a corrupção representa a ascensão de um “regime anticleptocracia” no mundo, no qual os governos estão sendo forçados a adotar práticas mais transparentes.
Para nós educadores, elencar as principais consequências da falta de ética nos negócios ficou muito mais fácil. Nosso discurso evoluiu de “por que fazer?” para “e se não foi feito?”. Com isso, atribuiu-se maior valor à ética nas relações e, consequentemente nas organizações, fazendo disso não somente um atributo, mas algo fundamental para as empresas que querem ser vistas como responsáveis.
Portanto, falar sobre Educação Executiva Responsável tornou-se primordial nas escolas de negócios, uma vez que os líderes das empresas que movimentam o país precisam ser preparados de forma mais completa, associando competências técnicas à valores e princípios alinhados ao desenvolvimento sustentável.
É exatamente isso que buscamos há 21 anos no ISAE: Sermos protagonista do desenvolvimento sustentável, inspirando lideranças globalmente responsáveis por meio de uma educação transformadora.
Nossa expectativa vai além de atender as necessidades do aluno, queremos atuar além dos muros da escola, contribuir com a sociedade de forma efetiva e inspirar pessoas que irão transformar o mundo em um lugar mais justo.